Por Karine Rizzardi*
Toda família que se depara com filhos adolescentes é obrigada a se deparar com inúmeras transformações, que muitas vezes assustam aos pais. Tanto os membros tendem a sofrer grandes choques e se obrigam a lidar com uma série de mudanças, tanto inesperadas quanto esperadas, sendo estas boas e também ruins. Ao mesmo tempo em que tudo parece uma descoberta, os filhos forçam a passagem para uma vida mais livre e os pais os seguram, com receio de soltar demais, ou soltam, com receio de prender em excesso.
Como os pais podem lidar da melhor forma nesta fase? Na verdade, a principal atitude é fazer os pais treinar a habilidade de se desprender do filho criança e acreditar que ele já tem condições de enfrentar a vida, mas muitas vezes é difícil executar isso quando o jovem ainda é inexperiente, age como imaturo e reage como impulsivo.
Lançar os filhos para o mundo é um grande desafio e tudo dependerá de como as famílias encaram o crescimento dos filhos:
Há pais que olham como uma perda, outros olham como se fosse uma libertação e há quem encare também, como um ganho. Aqueles que lidam como se fosse uma perda, temem o risco de crescimento e monitoram todos os passos do filho, evitando de deixa-lo em situações que tenham que ser resolvidas por ele mesmo, para oferecer a ele o melhor.
Por outro lado existem os pais que encaram o crescimento dos filhos como uma libertação, agem totalmente ao contrário e deixam o jovem decidir tudo sozinho. Liberam o filho para assumir sua vida, como se ele já fosse um adulto.
É preciso compreender que a adolescência é uma PASSAGEM para a vida adulta e não a vida adulta em si. O jovem precisa de referências muito claras do que é ou não permitido pela família, pois nesta fase tanto os pais quanto os filhos terão que ceder nas negociações, porém, há algumas regras que precisam ser cumpridas em caso de desobediência. Se o filho tem uma mesada, por exemplo, a regra quanto ao uso da mesada tem que ser clara e combinada com ele antes. O valor da mesada é definido para cobrir despesas de vestuário? E se ele extrapolar? Fica devendo, fica sem mesada, todo mês tem adiantamento? O que fazer quando o combinado não é cumprido? Renegociar? Fazer sofrer as conseqüências?
E em um terceiro grupo, há aqueles pais que encaram como um ganho. Estes pais estimulam o crescimento responsável dos filhos, de modo que estes vivam as conseqüências do que fazem. Não os acompanham em tudo, não cobram permanentemente sua presença, os autorizam a viver, se divertir, mas cobram um comportamento consciente e responsável. Os filhos crescem com um voto de confiança dos pais e vão desenvolvendo autoconfiança e responsabilidade. O filho terá que ter claro que poderá escolher desobedecer aos pais, mas que essa escolha implicará em ter que arcar com as conseqüências do ato.
Quando o jovem experiência sua vida, ele pode adquirir suas convicções e não permite que os outros façam sua cabeça. Se os pais fizerem por ele, ele deixa de pensar, não aprende a refletir sobre seus atos e permanece imaturo. É aí que mora o perigo.
A educação para a autonomia é o maior presente que os pais podem dar aos seus filhos. Penso que a experiência é a melhor professora e é por isso que a nota final, quem terá que mostrar é o próprio filho. Se caso ele reprovar nos testes da vida, os pais não poderão os substituir nos desafios.
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