Ainda na gravidez os
pais começam a desenvolver um grande amor pelo filho e o sentimento só
aumenta quando o bebê nasce e se desenvolve. Mas, o que fazer quando o
afeto não é correspondido da maneira esperada? Isso pode ocorrer nos
primeiros anos da criança, por diversos motivos. O pequeno se apega mais
ao pai, à mãe ou a um cuidador específico e nem dá bola para os demais
familiares. Descubra o que fazer em situações do gênero.
A criança prefere um dos pais
Nos primeiros meses do bebê, o comum é
que ele seja muito apegado à mãe, já que é ela quem o nutre. Além disso,
o hormônio ocitocina, muito presente na primeira infância, auxilia a
criança a reconhecer a mãe e vice-versa, contribuindo para o
fortalecimento dos laços entre os dois. E quanto ao pai? Como ele não
tem leite e muito menos este hormônio, corre o risco ser deixado de
lado.
Porém, nada de entrar em parafuso com a
situação. O psicobiólogo Ricardo Monezi, pesquisador do Instituto de
Medicina Comportamental da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e
que já enfrentou a situação, explica o que pode ser feito. “O pai tem
que exercitar o amor incondicional e ter consciência de é só uma fase”,
afirma. Tentar conquistar o pequeno por meio de brinquedos é uma péssima
alternativa. “É importante conviver com a criança e mostrar
proximidade, o que pode se feito por meio de brincadeiras. Eu conquistei
minha filha quando resgatei a criança que fui e comecei a brincar de
rolar com ela”, conta Monezi.
A mãe também pode colaborar com algumas
atitudes para fortalecer o relacionamento entre o filho e o pai. Caso a
criança estranhe o pai, o recomendável é que a mãe fique próxima a ele.
“Se a criança se dirigir à pessoa pela qual manifesta preferência, esta
não deve pegá-la no colo e deixar o ambiente”, ensina Monezi.
À medida que as crianças crescem, é
comum que ocorram fases em que ela prefere o pai ou a mãe. “O que torna
as coisas mais fáceis é cada um dos pais assumir o seu papel na criação
do filho. Um é a figura mais afetiva, com quem há maior aproximação e
que oferece mais cuidados corporais e o outro representa as regras e
limites”, afirma a psicanalista Leda Bernardino, professora da Faculdade
de Educação da Universidade de São Paulo (USP).
Ao delimitar os papéis, apesar de a
criança manter uma relação mais carinhosa com um dos pais, o outro
também irá conquistará o amor dela, mas por meio do respeito. “Não é um
afeto maior ou menor, mas sim diferente”, conclui a psicóloga Maria
Luisa Valente, professora de terapia familiar na Universidade Estadual
Paulista (UNESP).
Mesmo assim, se a criança desenvolver
uma preferencia muito acentuada por um dos pais, este deve tentar sempre
incluir o outro na dinâmica da relação. Isso vale até quando a pessoa
não está no local, por meio de menções a ela.
O bebê prefere outra pessoa
A relação com o seu filho estava ótima
até o fim da licença-maternidade, quando ele teve que ficar com um
cuidador, babá, avó, tia, professora, entre outros. Após ter que passar
muitas horas distante de seu pequeno, você começa a sentir um
comportamento diferente dele. Em compensação, a relação do pequeno com o
cuidador dele está cada vez mais forte, em alguns casos chega ao ponto
de a criança se referir a esta pessoa como mãe ou pai. "Essa inversão de
papéis é preocupante e acontece bastante com mães que trabalham muito, o
que acaba induzindo a um desapego forçado. A criança interpreta que a
mãe dela não é aquela que a amamentou, mas sim a que está presente no
dia a dia ela”, avisa Monezi.
A criança tem a sua maneira de sentir a
falta dos pais. A forma como ela os trata varia. O pequeno pode
rejeitar a mãe, ser agressivo com ela, entre outras possibilidades. Para
superar a crise, a mãe deve investir em momentos de qualidade com o
filho, com muitas brincadeiras juntos, tolerância e paciência. “Por mais
cansada que ela esteja, precisa dedicar um tempo exclusivo ao convívio
com o filho”, afirma Monezi.
Também é importante que a mãe deixe os
papéis claros para o filho. “É preciso explicar para a criança, dizendo:
eu sou a sua mãe, mas quem cuida de você quando não estou é a fulana”,
informa Valente. Também é importante conversar com o cuidador e explicar
que ele não deve deixar que a criança o chame assim. Outra dica é o
cuidador se referir à mãe com frequência, com frases como “olha lá, a
sua mamãe chegou”.
Fonte Site Bebê Abril por Bruna Stuppiello
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